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domingo, 7 de março de 2010

O Renascer da Bruxaria.


O Renascer da Bruxaria.

A partir da metade do século XIX, a Bruxaria tornou-se novamente objeto de discussão, graças ao renascer do interesse em mitologia, folclore e magia.
Em 1862, Jules Michelet lançou sua obra "A Feiticeira", na qual falou sobre a sobrevivência dos cultos pagãos nas Idades Média e Moderna e sobre o surgimento paralelo do satanismo. Apesar de importante, as principais intenções de seu livro eram políticas: pretendia provar que a Bruxaria era um culto surgido nas camadas inferiores da sociedade em protesto à repressão da classe dominante.
Isso pode ser verdadeiro para o satanismo, mas não corresponde à realidade quando se trata de Bruxaria. Mas isso não diminui a importância de seu livro: sua tese da sobrevivência dos cultos pagãos influenciou o trabalho de vários antropólogos e folcloristas do final do século XIX e do início do século XX.
Um deles foi o norte-americano Charles Leland, um folclorista conhecido na época por suas pesquisas sobre cultura cigana.
Em 1899, Leland lançou um livro intitulado "Aradia, ou o Evangelho das Bruxas". Foi a primeira obra de grande importância para o renascimento da Bruxaria no século XX. Neste livro, Leland registrava as crenças reunidas por uma bruxa toscana chamada Maddalena, que ele conhecera em uma viagem pela Itália no ano de 1866. O livro fala davecchia religione praticada naquela região: o culto à Deusa Aradia, filha de Diana com seu irmão Lúcifer. Aradia foi la prima strega ('a primeira bruxa'), enviada à Terra por sua mãe para ensinar as artes da feitiçaria aos humanos.
A idoneidade do livro é contestada atualmente por alguns historiadores da feitiçaria, que argumentam que Leland dirigiu sua pesquisa para enquadrar-se em suas concepções e nas idéias de Michelet. Outros dizem ainda que Maddalena traiu a boa fé do folclorista. O fato é que nada disto tira o mérito do livro, um clássico da Bruxaria moderna.
A década de 20 produziu dois importantes livros para a Bruxaria moderna: um deles foi "O Ramo de Ouro" ('The Golden 'Bough'), gigantesca obra do antropólogo James Frazer, versando sobre rituais de fertilidade.
As idéias que expôs em sua obra, juntamente com o conhecimento passado por Leland em 'Aradia' levaram a antropóloga Margaret Murray a lançar seu importante livro "O Culto de Bruxaria na Europa Ocidental" ('The Witch-Cult in Western Europe'), em 1921. Nele Murray sustentava que a Bruxaria era uma antiqüíssima religião organizada, presente em toda a Europa, baseada no culto a um deus chifrudo da fertilidade, que ela denominou de Dianus (ela falou mais sobre ele em seu livro 'The God of the Witches'). De acordo com ela, essa religião havia sobrevivido à perseguição e continuava com suas práticas, de maneira oculta. Muitas críticas já foram feitas à Murray, e a maioria se baseou na fraqueza de alguns de seus argumentos para defender a suposta 'organização' dessa religião.
Hoje sabemos que ela não era tão organizada nem praticada em tantos lugares quanto Murray sustentava, mas indubitavelmente existia um culto pagão, praticado de formas diferentes em lugares diferentes, que sobreviveu à perseguição.
Em 1948 Robert Graves escreveu sua excelente obra "A Deusa Branca" ('The White Goddess'), no qual concordava com Murray quanto à existência de um culto pagão disseminado pela Europa, mas apoiava a tese de que sua divindade mais importante era uma Deusa-Mãe, e não o Deus de Chifres. Três anos depois, em 1951, caíram as últimas leis anti-feitiçaria da Inglaterra.
A porta estava aberta para os bruxos. Surge então Gerald Gardner, o mais importante personagem do renascimento da Bruxaria como religião. Gardner era um folclorista inglês, amigo pessoal do grande mago Aleister Crowley.
Admirador de Frazer e Murray, realizava profundas pesquisas sobre os cultos de fertilidade pré-cristãos e sua sobrevivência. No decorrer destas pesquisas, em 1939, conheceu um grupo de pessoas que mais tarde descobriu fazerem parte de um Coven secreto (como o eram todos, na época).
Gardner ficou fascinado: a existência destes bruxos confirmava as teses de Margaret Murray. Estabeleceu uma relação de amizade profunda com os membros deste Coven (denominado Coven de New Forest), e acabou por receber Iniciação.
O Coven de New Forest, dirigido por uma bruxa conhecida por 'Old Dorothy', era representante de uma tradição que havia sobrevivido às perseguições.
Há quem insinue que Gardner inventou o Coven para dar bases à seu trabalho posterior, e que Old Dorothy nem ao menos existiu. Essas declarações foram brilhantemente refutadas com evidências históricas por Doreen Valiente, no ensaio "Em Busca de Old Dorothy", publicado no livro 'The Witches' Way"('O Caminho dos Bruxos'), do casal Janet e Stewart Farrar.
Com o passar do tempo, Gardner preocupou-se com o futuro da Tradição, pois todos os membros do Coven eram idosos, e não havia previsão de aceitar novos iniciados. Ele não aceitou esse destino, e pediu permissão para publicar algumas práticas da religião. Relutantes, os Sábios do Coven negaram. Mesmo assim, Gardner publicou, em 1948, "High Magic's Aid", um romance no qual descrevia, sutilmente, alguns rituais da Arte. A publicação do livro causou polêmica entre o Coven de New Forest, e Gardner quase foi banido. Mas, com a queda das leis anti-feitiçaria, os Sábios do Coven reviram sua posição e deram permissão a Gardner para afirmar que a Bruxaria estava viva, desde que não revelasse nenhum segredo.
Então, em 1954, Gerald Gardner publicou o primeiro livro da Bruxaria Moderna: "Witchcraft Today", seguido de "The Meaning of Witchcraft"(1959). Neles, Gardner afirmava estarem certas as teorias de Murray, pois ele mesmo era um bruxo iniciado.
Os livros falavam apenas superficialmente sobre a Tradição que lhe havia sido confiada, concentrando-se mais no aspecto histórico da religião. Paralelamente à publicação dos livros, Gardner saiu do Coven de New Forest e iniciou seu próprio Coven, iniciando pessoas que lhe pareciam sinceras e dedicadas. A essas pessoas, transmitia integralmente o conteúdo de um manuscrito, por ele denominado de "Livro das Sombras". Este livro continha integralmente a Tradição do Coven de New Forest, mesclada a práticas mágicas retiradas da Clavícula de Salomão e dos escritos de Crowley. Seu conteúdo, copiado por todo iniciado, passou a ser denominado de Tradição Gardneriana, a primeira Tradição da Bruxaria Moderna. O 'Livro das Sombras' Gardneriano teve três versões, conhecidas pelas letras A, B e C. O texto que é utilizado atualmente pelos Covens Gardnerianos é o C, escrito por Gardner em conjunto com uma de suas iniciadas, Doreen Valiente, responsável por grandes mudanças no texto original.
Valiente "paganizou" ao máximo os ritos e textos, retirando qualquer influência de magia judaico-cristã ou textos escritos por Crowley.
Atualmente, a Gardneriana é a mais sigilosa de todas as Tradições modernas. Gardner morreu em 1964, e o comando de seus Covens foi passado à Monique Wilson, conhecida como Lady Olwen.
Na década de 60, surgiu outro personagem importante na história moderna da Arte: Alex Sanders, que recebeu o título de "Rei dos Bruxos". Sanders era um grande interessado em bruxaria, que nunca havia conseguido ingressar em um dos Covens Gardnerianos.
De algum modo que até hoje não está bem esclarecido, conseguiu tomar posse de um 'Livro das Sombras' Gardneriano. Uniu o conhecimento do livro (provavelmente cópia do texto A) ao que afirmava ter sido transmitido por sua avó, uma bruxa familiar.
Sanders possuía um temperamento completamente antagônico ao de Gardner. Era um especialista em marketing pessoal, o que lhe deu extrema notoriedade. Milhares de pessoas foram iniciadas em seus Covens, e ele aparecia em entrevistas em TV, rádio e jornais. Era tão público que foi ameaçado de maldição por bruxos mais tradicionais, temendo que ele revelasse algum grande segredo da Arte. Mas isto nunca ocorreu: Sanders era um "show-man", mas não era burro.
A Tradição Alexandriana, fundada por Alex Sanders, é muito semelhante à Gardneriana. Sua principal diferença é a maior ênfase mágico-cabalística, quase inexistente na Tradição de Gardner. Sanders morreu em 1988, mas sua Tradição é uma das mais difundidas no mundo.
Existe também uma Tradição moderna denominada Alexandriana-Gardneriana (Al-Gard), que tenta conciliar os ensinamentos de ambas, com a inclusão de novos elementos, em sua maioria de origem céltica.
Os maiores representantes públicos atuais da Al-Gard são Janet e Stewart Farrar, da Irlanda.
Nos EUA, o primeiro bruxo a se manifestar publicamente foi o anglo-gitano Raymond Buckland, iniciado por Gardner e Lady Olwen.
Considerado pelo próprio Gardner um de seus herdeiros, Buckland migrou para os Estados Unidos logo após a morte do bruxo. Lá, ganhou notoriedade por seus livros sobre Ocultismo e por ser o fundador da Tradição Saxônica da Bruxaria, a Seax-Wica.
Nos Estados Unidos, com raras exceções, a Arte ganhou um novo aspecto, inexistente na Bruxaria Européia: o aspecto político. A Bruxaria uniu-se ao feminismo para gerar uma nova forma da Religião. Surgiram então Covens denominados "Diânicos", formados só por bruxas.
Algumas das representantes da Bruxaria feminista americana são Starwahk, Zsuzsana Budapest e Laurie Cabot. Com exceção da primeira, nenhuma delas é levada muito a sério pelos bruxos tradicionalistas europeus, que julgam-nas produtoras de distorções no verdadeiro espírito da Arte.
(Artigo originalmente escrito para instrução reservada de alunos. (...)A reprodução por qualquer meio é livre (...): 1993, Daniel Pellizzari.)Filhos da Lua - O Renascer da Bruxaria

O Surgimento do Cristianismo


O Surgimento do Cristianismo
Ao contrário do que se pensa, o cristianismo não foi imediatamente adotado pelo povo europeu ao ser declarado religião oficial do Império Romano.
Esta conversão dos Romanos ao catolicismo teve motivos políticos, e não teve grande penetração fora dos centros urbanos. A grande massa da população permaneceu fiel a seus deuses antigos. Os cultos antigos, então, receberam a denominação pejorativa de "pagãos" ("pagani",plural de paganu, 'morador do campo'), por ter como foco de resistência à nova religião o povo dos campos, longe das cidades e das zonas de comércio e ensino.
Os missionários cristãos, com o tempo, passaram a ter mais aceitação nas cidades, mas continuavam sendo repelidos no campo, nas montanhas e nas regiões distantes, verdadeiros enclaves da Antiga Religião. Houve ainda uma tentativa de reativar o paganismo e o culto aos Deuses antigos como religião oficial do Império Romano.
Esta última esperança deveu-se ao Imperador Juliano (conhecido como "O Apóstata"), que reinou no século IV EC. Mas, como sabemos, essa tentativa não foi frutífera, derrubada pela própria conjuntura da época, onde já se pressentia o poder de manipulação, domínio e intriga do cristianismo, evidenciado nos séculos seguintes.
Um dos ardis utilizados pelos cristãos era o de apropriar-se de festividades pagãs como orações religiosas de sua própria religião.
Assim, por exemplo, o festival do solstício de inverno, onde se comemorava o nascimento do Deus-Sol, transformou-se no Natal cristão.
Também o festival de Samhain, comemorado em intenção dos mortos, recebeu o nome de Dia de Todos os Santos, logo seguido pelo dia de Finados.
A despeito destas tentativas, as tradições pagãs continuaram mantendo sua força. A partir de um decreto do Papa Gregório, os cristãos também se apossaram dos locais sagrados da Antiga Religião e, derrubando os templos ali existentes, erigiram suas igrejas. Os Deuses de cada santuário foram transformados em santos e santas (um exemplo é Santa Brígida, da Irlanda, na verdade a Deusa Bhríd, protetora do fogo e dos partos).
Quando os cristãos deram-se conta da importância da Deusa-Mãe para as pessoas, aumentaram a proeminência da Virgem Maria no culto cristão.
Mitos e práticas pagãs foram, sistematicamente, absorvidas, distorcidas e transformadas em ritos cristãos. Esculturas de temas pagãos foram incluídos em igrejas e capelas.
O maior exemplo de sincretismo entre costumes pagãos e cristãos é o cristianismo irlandês, que ainda hoje conserva hábitos célticos mesclados a liturgias cristãs. Os padres tinham a seu favor o tempo, o poder e a força. Os pagãos tinham que lutar sozinhos contra a profanação de seus templos, crenças e costumes. Desta maneira, o povo simples dos campos foi acostumando-se à nova religião, e gradualmente, foi sendo convertido. Mas os sacerdotes restantes da Antiga Religião não se renderam à nova ordem. Juntamente com pessoas ainda fiéis às antigas crenças, mantiveram o culto ao Deus de Chifres e à Deusa Mãe.
As crenças pagãs, enfatizando a adoração aos Deuses e a realização dos festivais de fertilidade, foram amalgamando-se à magia popular, criando a Bruxaria Européia. A magia popular consistia em um conjunto de feitiços feitos com o uso de ervas, bonecos e diversos outros meios. Estes feitiços tinham como objetivo a cura, a boa sorte, atrair amores, e fins menos nobres, como a morte de algum inimigo. São práticas desenvolvidas a partir do que restara da magia simpática pré-histórica, unidas ao conhecimento xamânico dos povos bárbaros.
Os teólogos cristãos passaram então a sustentar que a Bruxaria não existia. Assim, pretendiam terminar com a credibilidade dos bruxos e anular sua influência. Foi um período de relativa paz para a Arte. Mas logo os cristãos perceberam que seus esforços para exterminar completamente o paganismo não haviam dado resultado.
Fizeram então mais uma tentativa: transformaram o Deus de Chifres na personificação do Mal, do Antideus, do Inimigo.
A natureza dos Deuses pagãos é completamente diferente da do todo-poderoso “senhor de bondade” dos cristãos.
Nossos Deuses são quase “humanos”, pois têm características tanto ‘boas’ quanto ‘más’. A teologia cristã já pressupunha a existência de um antagonista a seu Jeová (o ‘Satan’ hebraico do Antigo Testamento e o ‘diabolos’ do Novo): um Inimigo.
Ele ainda não possuía forma definida e, quando era representado, o era em forma de serpente, como a que persuadiu Adão a comer a fruta da Árvore da Sabedoria. Dando a seu Satã a forma do Deus de Chifres (notadamente de deuses agro-pastoris como Pã e Sileno, dotados de cascos de bode e pequenos cornos), os cristãos conseguiram iniciar um clima de terror e medo em relação aos praticantes da Antiga Religião, o que os forçou a praticarem seus ritos em segredo.
Mas a era mais triste da Arte ainda estava por vir. A Era das Fogueiras.
A situação da Igreja até ao século XIII era caótica. Facções adversárias lutavam entre si, cada uma digladiando-se em favor de um dogma. Nos numerosos concílios realizados, ora, uma das facções impunham sua visão, ora outra. Isso favorecia um desmoralizante 'entra-e-sai' de dogmas, o que desacreditava a Igreja. Algumas destas facções também criticavam a corrupção e o jogo de poder dentro da classe sacerdotal, e levantavam dúvidas sobre o poder espiritual do papado.
Foi então criado um instrumento de repressão: o Tribunal de Santa Inquisição consistia em um corpo investigatório ignorante, brutal e preconceituoso, dirigido pela ordem dos Dominicanos.
Sua função primordial era a de acabar com as facções que se opunham a Igreja (denominadas 'heréticas'), através do extermínio sistemático de seus membros. Exemplos destas facções 'heréticas' eram os cátaros, os gnósticos e os templários. Com o tempo, os cristãos perceberam outro uso para seu Tribunal. Ainda persistiam Cultos aos Deuses Antigos, e, graças a transformação do Deus de Chifres no Demônio Cristãos, eram acusados de delitos absurdos, como o canibalismo, a destruição de lavouras (acusar de tal crime uma Religião dedicada à manutenção da fertilidade das colheitas é, no mínimo, ridículo) e muitos outros. Foi então proclamada, em 1484, a Bula contra os Bruxos, pelo Papa Inocêncio VIII.
Neste documento, ele relacionava os crimes atribuídos aos bruxos e dava plenos poderes à Inquisição para prender, torturar e punir todos aqueles que fossem suspeitos do 'crime de feitiçaria'.
Em 1486 foi publicado o Malleus Malleficarum ('Martelo dos Feiticeiros'), escrito pelos dominicanos Kramer e Sprenger.
O livro, absurdo e miseógino, era um manual de reconhecimento e caça aos bruxos, e, principalmente, às bruxas (o livro trazia afirmações surpreendentes, como: "quando uma mulher pensa sozinha, pensa em malefícios"). A partir daí, a Igreja abandonou completamente a postura de ignorar a Bruxaria: pelo contrário, não acreditar na sua existência era considerada a maior das heresias. Iniciou-se então um período de duzentos anos de terror, conhecido entre os bruxos como "Era das Fogueiras".
Mas os bruxos (e também os hereges e inocentes: doentes mentais, homossexuais, pessoas invejadas por poderosos, mulheres velhas e/ou solitárias) não pereciam só em fogueiras: eram também enforcados e esmagados sob pedras. Isso quando não pereciam nas torturas, as quais são tão cruéis e sádicas que não merecem nem ser mencionadas.
A Inquisição tornou-se uma válvula de escape para as neuroses da época: em época de forte repressão sexual, condenavam-se mulheres jovens, que eram despidas em frente a um grupo de 'investigadores', tinham todo seu corpo revistado diversas vezes, a procura de uma suposta marca do diabo' e, por fim, eram açoitadas, marcadas a ferro e violentadas. Terminavam condenadas e executadas como bruxas. Seu crime: serem mulheres jovens, belas e invejadas. Anciãs que moravam sozinhas, geralmente em companhia de alguns animais, como gatos (daí a lenda da ligação dos gatos com as bruxas), eram alvo de desconfiança e logo declaradas 'feiticeiras', e assim, assassinadas.
A maioria das vítimas dos tribunais de Inquisição não eram verdadeiros praticantes da Arte, mas muitos bruxos pereceram na mão dos cristãos. Aproximadamente nove milhões de crimes como este foram cometidos durante a Inquisição, ironicamente em nome de uma religião que se dizia 'de amor'. Nunca uma religião demonstrou tanta necessidade de exterminar seus antagonistas como o cristianismo.
A perseguição aos bruxos não resumiu-se apenas ao países católicos: espalhou-se pela Europa protestante.
Os protestantes não se guiavam pelo Malleus Malleficarum, mas davam razão à sua paranóia através do uso de uma citação do Antigo Testamento: "não deixarás que nenhum bruxo viva".
Na Era das Fogueiras, os praticantes da Antiga Religião adotaram o único comportamento que lhes possibilitaria a sobrevivência: "foram para o subterrâneo", ou seja, mantiveram o máximo de discrição e segredo possível.
A sabedoria pagã só era passada por tradição oral, e somente entre membros da mesma família ou vizinhos da mesma aldeia.
Como técnica de proteção, os próprios bruxos ajudaram a desacreditar sua imagem, sustentando que a Bruxaria não passava de lenda, ou disseminando idéias de bruxos como figuras cômicas e caricatas, dignas de pena e riso.
Por volta do final do século XVII, a perseguição aos bruxos foi diminuindo gradativamente, estando virtualmente extinta no século XVIII. A Bruxaria parecia, finalmente, ter morrido.
Mas os grupos de bruxos ("covens") resistiam, escondidos nas sombras. Algo que surgiu nos primórdios da humanidade não morreria assim tão facilmente.Filhos da Lua - O Surgimento do Cristianismo

sábado, 6 de março de 2010

O Deus e a Deusa.


O Deus e sua representação: como Caçador-Coletor representado por um ser humano com chifres de Alce.


A Deusa e suas três faces: a Virgem ou Donzela, a Mãe e a Velha Sábia

"Para a Wicca, existe um Princípio Criador, que não tem nome e está além de todas as definições. Desse princípio, surgiram as duas grandes polaridades, que deram origem ao Universo e a todas as formas de vida."
O Deus
Um dos princípios da BRUXARIA é a harmonia tanto consigo quanto com o universo. Trabalham com energias masculinas e femininas mesmo sendo uma religião Matrifocal, a Deusa e seu Consorte vivem em total equilíbrio e igualdade, muitas das estatuetas e pinturas rupestres da antiguidade mostravam a Deusa rodeada por Animais completamente masculinos, como leões e veados, outras estatuetas tinham espécies de corpos mórficos, uma mistura do masculino e do feminino em um só ser.
Na maioria dos Mitos o Deus nasce da Deusa depois se torna seu consorte (marido), trazendo à tona a fertilidade, vive em harmonia com ela depois morre seguindo o ciclo da Vida, morte e renascimento. Não somente como o Sol o Deus esta representado em muitas faces na Natureza, principalmente na sua face indomável, que exemplifica a fase do homem como caçador-coletor representado por um ser com aspecto humano, porém com chifres, chifres esses de Alce, mostrando ainda um animal selvagem.
Conforme o Homem foi "domesticando" a TERRA e os animais, esse Deus passou a ser apresentado por corpo Humano, mas com chifres de bode, um animal dócil e domesticável. Mesmo tendo chifres de Bode ainda mantinha em seu ser a força do Deus selvagem dos chifres de Alce, como atesta a natureza do Deus Pã.
Como a Deusa, o Deus também tem muitas faces e muitos nomes, Cernunos (kernunos) descreve bem a face deste Deus selvagem em que acreditavam os Celtas, Dionísio também tem chifres e representa a virilidade, em algumas ocasiões seus chifres são de bode outras de touro, essa imagem de touro como as representações em que Dionísio aparece com serpentes têm ligações com os ritos lunares da Antiga Europa. Sabemos que em algumas tradições Dionísio era consorte de Ártemis, confirmando a sua natureza silvestre. Ao chegar à Itália o culto a Dionísio foi adaptado à vida da nova terra. Quando esse Deus foi atribuído aos vinhedos teve o nome modificado para Baco muitas vezes o Deus Conífero na Itália também recebia um coroa de folhas de Uva, e atrás surgiam seus chifres.
Outra face do Deus é a do Senhor da Colheita - Green Man, aqui encontramos mais uma vez a figura de Dionísio, sendo o único Deus não indo-europeu da Antiga Europa, aqui ele aparece como o Senhor da colheita, tendo uma imagem mais madura, como as sementes depois que o sol brilhante e fervoroso as fez germinar, instiga o verdejar daTERRA após o frio inverno.
As estrelas são pequenos sóis distantes, também associadas ao Deus, como os desertos escaldantes, e as altas montanhas.
Os Símbolos normalmente utilizados para representar ou cultuar o Deus incluem a espada, chifres, a lança, a VELA , a flecha, bastão mágico, o tridente, o punhal, faca ou ATHAME , as cores são o dourado, marrom, azul, verde e amarelo. Os principais Sabats ligados ao Deus é o Yule, que marca o nascimento da Criança da Promessa, em Ostara o Deus se torna um jovem que esta alcançando sua maturidade. A Deusa e o Deus são iguais e unidos.
A Deusa
A Grande Mãe representa a Energia Universal Geradora, o Útero de Toda Criação. É associada aos mistérios da Lua, da Intuição, da Noite, da Escuridão e da Receptividade. É o inconsciente, o lado escuro da mente que deve ser desvendado. A Lua nos mostra sempre uma face nova a cada sete dias, mas nunca morre, representando os mistérios da Vida Eterna.
Na Wicca, a Deusa se mostra com três faces: a Virgem ou donzela, a Mãe e a Velha Sábia, sendo que esta última ficou mais relacionada àBRUXA na Imaginação popular. A Deusa Tríplice mostra os mistérios mais profundos da energia feminina, o poder da menstruação na mulher, e é também a contraparte Feminina presente em todos os homens, tão reprimida pela cultura patriarcal!
A Deusa é a Mãe universal. É fonte da fertilidade, da infinita sabedoria e dos cuidados amorosos. Segundo a Wicca, ela possui três aspectos: a Donzela, a Mãe e a Anciã, que simbolizam as Luas Crescente, Cheia e Minguante. Ela é a um só tempo o campo não arado, a plena colheita e aTERRA dormente, coberta de neve. Ela dá à luz em abundância. Mas, uma vez que a vida é um presente seu, ela a empresta com a promessa da morte.
Esta não representa as trevas e o esquecimento, mas sim um repouso pela fadiga da existência física. É uma existência humana entre duas encarnações. Uma vez que a Deusa é a natureza, toda a natureza, ela é tanto a tentadora como a velha; o tornado e a chuva fresca de primavera; o berço e o túmulo. Porém, apesar de ela ser feita de ambas as naturezas, a WICCA a reverencia como a doadora da fertilidade, doAMOR e da abundância, se bem que seu lado obscuro também é reconhecido.
Nós a vemos na Lua, no silencioso e fluente oceano e no primeiro verdejar da primavera. Ela é a incorporação da fertilidade e do amor. A Deusa é conhecida como a rainha do paraíso, Mãe dos DEUSES que criaram os Deuses, a Fonte Divina, A matriz Universal, A Grande Mãe e incontáveis outros títulos.
Muitos símbolos são utilizados na WICCA para honrá-la, como o caldeirão, a TAÇA , o machado, flores de cinco pétalas, o ESPELHO , colares, conchas do mar, pérolas, prata, esmeralda... Para citar uns poucos. Por governar a Terra, o mar e a Lua, muitas e variadas são suas criaturas. Algumas incluíram o coelho, o urso, a coruja, o gato, o cão, o morcego, o ganso, a vaca, o golfinho, o leão, o cavalo, a corruíra, o escorpião, a aranha e a abelha. Todos são sagrados a Deusa! A Deusa já foi representada como uma caçadora correndo com seus cães de caça; uma deidade celestial caminhando pelos céus; a eterna mãe com o peso da criança; a tecelã de nossas vidas e mortes; uma Anciã caminhando sob o luar buscando os fracos e esquecidos, assim como muitos outros seres. Mas independente de como a vemos, Ela é onipresente, imutável, eterna e assim como o Deus vive dentro e fora de nós.

“Honrai os DEUSES ó filhos da Terra! Honrai a si e aos seus irmãos! Honrai a Natureza que em abundância vos cria e lhes dá sustentação! Que assim seja pela eternidade”. (Dayne Anglius Dosken)

Eu encontrei este texto e acho que ele explica muito bem a essência dos Deuses na Bruxaria. 
Na minha visão... Todas as Religiões adoram o mesmo principio criador, mas de formas diferentes. Mas sempre, acima de tudo, devemos ter respeito por outras culturas, por outras religiões, pois não cabe nem a mim, nem a você e nem a ninguém a verdade absoluta.
Bençãoshttp://phillipe-magia.blogspot.com/2010/03/o-deus-e-deusa.htmlFilhos da Lua - O Deus e a Deusa

Oração para a grande Mãe

A sua Arte, Senhora, veio à luz.

Quem poderá escapar de seu poder?

Sua forma é um eterno mistério;

Sua presença paira

Sobre as terras quentes.

Os mares te obedecem,

As tempestades de acalmam.

A sua vontade detém o dilúvio.

E Eu, tua pequena criatura,

Faço a saudação:

Minha Grande Rainha,

Minha Grande Mãe!Oração para a grande MãeFilhos da Lua - Oração para a grande Mãe

Preceito Diário

Eu me levanto hoje

Pela força dos céus

Luz do Sol

Brilho da Lua

Resplendor do Fogo

Presteza do Vento

Profundidade do Mar

Estabilidade da Terra

Firmeza da Rocha.

QUE ASSIM SEJA!

Oração para proteção ou momentos de aflição.

Bondosa Deusa

Que és Virgem,Mãe e Anciã

Bendito seja o teu nome,

Ajuda-me a viver em paz

Sobre a terra que é tua,

E dá-me a proteção do teu abraço

Guia-me ao longo do caminho que escolhi,

E revela-me o teu grande amor eterno

Enquanto tento olhar com bondade

Aqueles que não entendem a tua essência,

E leva-me em segurança

Ao teu caldeirão do Renascimento

Pois é o teu espírito que vive em mim,e me protege

Para todo o sempre.

ORAÇÃO AOS ELEMENTAIS

ORAÇÃO AOS ELEMENTAIS

Pequeninos guardiães

Seres de luz infinita

De dia me tragam a paz

De noite os dons da magia

Invisíveis guardiães

Protejam os quatro cantos da minha alma

O quatro cantos da minha casa

Os quatro cantos do meu coração.Filhos da Lua - ORAÇÃO AOS ELEMENTAIS

ORAÇÃO DA GRANDE MÃE

ORAÇÃO DA GRANDE MÃE


Salve o Sol, a natureza, o Orvalho da Manhã !

Salve Deus todo de todos os deuses da natureza.

Que me dá a felicidade de tomar a benção de toda a beleza da mãenatureza.

Salve o Vento, o Sol, a Chuva, as Nuvens, as Estrelas e a Lua !

Salves as forças das Águas, a Terra, a Areia e o Solo fértil !

Que belo seja seu remédio !

O Pão que parto à mesa, seja multiplicado !

O trigo que trago comigo, seja minha propriedade.

O Universo me abrace.

E que os quatro elementos: Terra, Água, Fogo e Ar,

me dêem as forças necessárias para todas as dificuldades
de minha vida.

Meus caminhos sejam abertos, hoje e sempre, com toda a
pureza dos Elementais e dos Anjos MensageirosFilhos da Lua - ORAÇÃO DA GRANDE MÃE

A lenda sobre a criação do Universo






Antes de o tempo existir, havia o Único; o Único era tudo, e tudo era o Único.

E a vasta extensão conhecida como o universo era o Único, onisciente, onipotente, ubíquo, eternamente em mudança.

E o espaço se moveu. O Único moldou a energia em formas gêmeas, iguais mais opostas, moldando a Deusa e o Deus do Único e pelo Único.

A Deusa e o Deus surgiram e agradeceram ao Único, mas a escuridão os envolveu. Estavam sós, com exceção do Único.

Formaram assim gases com energia, e sóis e plantas e luas a partir dos gases; Eles salpicaram o universo com globos rotatórios e assim tudo recebeu forma, das mãos da Deusa e do Deus.

A luz surgiu e o céu foi iluminado por bilhões de sóis. E a Deusa e o Deus, satisfeitos com o seu trabalho, regozijaram e se amaram, e se uniram.

De sua união surgiram as sementes de toda a vida, e da raça humana, para que possamos atingir a reencarnação sobre a Terra.

A Deusa escolheu a Lua como Seu símbolo, e o Deus optou pelo Sol como Seu símbolo, para relembrar os habitantes da Terra de seus criadores.

Tudo nasce, vive, morre e renasce sob o Sol e a Lua; todas as coisas surgem sob eles, e tudo ocorre com as bênçãos do Único, como tem sido a existência antes do tempo existir.